Internet das coisas, ou IoT, do inglês Internet of Things, Industria 4.0, Smart Cities entre outras siglas fazem parte das tendências, novas tecnologia ou conceitos que estão batendo na porta do Brasil, alias, já estão dentro de casa. Você deve estar acompanhando, que estes avanços da tecnologia já chegaram e nós, profissionais, não devemos ignorar, pois há uma falha, ao meu ver, que precisa ser incluída na discussão. Trata-se da infraestrutura para tudo isso funcionar. É provável que você pense: mas isso é claro, já estamos nos preocupando com os softwares e hardwares (com processadores de alta velocidade), cabeamentos de comunicação de alta performance, certificados de qualidade e uma equipe de programadores dinâmicos e atentos. Mas a pergunta que fica é: O que vai sustentar tudo isto funcionando? Será que estamos preocupados com as instalações elétricas e a qualidade da energia entregue para manter toda esta estrutura funcionando corretamente e oferecendo a performance adequada? Tenho lá minhas dúvidas, o que tenho visto hoje é o pessoal montando uma Ferrari e colocando rodas de carroça. Este assunto está ligado diretamente à profissão de eletricidade, mas diz respeito a todas as categorias.
Há algumas etapas a serem cumpridas para que a tecnologia atenda os seus propósitos, A primeira delas é a disponibilidade de energia elétrica, pois apesar de termos produtos eficientes que consomem menos a cada dia, cada vez mais precisaremos de energia para tudo isso funcionar como uma engrenagem perfeita. É fato que a busca por disponibilidade de energia vem sendo tratada até com mais entusiasmo no Brasil, como é o caso das fontes alternativas, mas em face dos últimos apagões e do potencial versus instalado, creio que ainda temos que avançar muito. O segundo item é, no meu entender, o item primordial, que podemos dividir em duas partes: a instalação elétrica e o profissional que atua na instalação elétrica. Brigas e discussões sobre quem pode e quem não pode atuar em instalações elétricas, tem mostrado que não há o entendimento da importância da instalação elétrica e da necessidade de ter profissionais qualificados e, principalmente, atualizados em relação às normas técnicas nacionais e internacionais.
O Brasil tem tratado muito mal a sua instalação elétrica (veja alguns exemplos nas fotos 1 e 2 abaixo), e isso traz uma grande preocupação, pois a velocidade com que o sistema está evoluindo e a letargia em construir instalações elétricas minimamente seguras e com qualidade me fazem pensar que estas tecnologias não terão vida longa no Brasil, ou pior, serão meros produtos de marketing.
As normas no Brasil, que no meu entender, estão alinhadas com as tendências mundiais, não passam de meros documentos ignorados pela maioria dos profissionais. Enquanto discutimos se o DR deve ser geral ou até se removemos a obrigatoriedade definida em norma deste dispositivo, o mundo já instala DR nas tomadas. Enquanto ficamos lamentando sobre o modelo de tomada adotado no Brasil, chamando-a de “jabuticaba”, o mundo se preocupa em ter instalações elétricas seguras. Enquanto pensamos se cumprimos regras simples de segurança no trabalho com a eletricidade, o mundo se preocupa em criar produtos de alta tecnologia para garantir a segurança de quem trabalha em eletricidade
O segundo ponto a ser tratado é a qualidade da energia elétrica que fará com que todos os equipamentos das novas tecnologias funcionem corretamente. A presença de distúrbios como um surto de tensão sem um tratamento adequado, ou correntes harmônicas não previstas podem levar a desempenhos ruins de equipamentos e o objetivo da tecnologia vai por água abaixo.
O objetivo é alertar para esta “ignorância” na evolução tecnológica para que não choremos no futuro próximo.
Edson Martinho é Engenheiro Eletricista, pós graduando em Engenharia de Segurança do trabalho, com formação em marketing e docência do ensino superior, atua como Diretor Executivo da ABRACOPEL – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, autor de livro, palestrante e colunista de várias mídias e Diretor de empresas da Lambda Consultoria.
COMMENTS
ADD your COMMENT